segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Seriema de Sarzedo

Contaram-me (e fotografaram para registrar) que esta seriema instalou-se como moradora permanente no Condomínio Quintas da Lagoa, aqui no município de Sarzedo. Essa ave, Cariama cristata, é considerada uma bioindicadora do cerrado. Também conhecida como siriema ou sariema, seu nome deriva do tupi ("crista levantada"). Em inglês, é chamada de red-legged seriema.


                                                                 Célia Ferreira Campos


São muito desconfiadas, arredias a aproximação de estranhos, mas essa aqui parece que adaptou-se bem com a presença humana e prefere passear pelas áreas residenciais do condomínio a juntar-se ao seu bando que abriga-se nas matas ao redor.



                                                                                 Dizinho Iglesias


De hábitos terrestres, dormem empoleiradas em um galho alto de árvore.


                                                                                      Dizinho Iglesias


De longe, escuta-se seu canto longo e estridente (dizem que pode ser ouvido a um quilômetro de distância). Por causa dessa característica, essa ave é conhecida como “a voz do cerrado”.

Uns dizem que quando a seriema canta é um aviso que vem chuva por aí, já outros falam que seu canto anuncia o final da temporada de chuva. Dos mitos de sua melodia, uma certeza: sua voz toca no coração de muitos. Tem som de saudade. Assim como canta, a seriema é cantada..


Siriema do cerrado
(José Fontura/Paraíso)

Siriema do cerrado
A pisar o chão molhado
Do orvalho que caiu
Cante para o sol surgindo
Aos botões que vão de abrindo
E pra lua que dormiu
Eu fiz sol na vida dela
E o luar do amor foi ela
Mas sumiu não sei porque
Siriema das campinas
É igual a minha sina
O destino de você
Siriema do cerrado
Magoado é seu cantar
Por planícies e montanhas
Acompanha o meu penar
Vai seguindo os boiadeiros
Forasteiros e paixões
Você é a sentinela
Nas janelas dos sertões
Siriema do cerrado
Minha vida é um descampado
Como os campos no verão
Siriema do meu peito
A bater insatisfeito
É meu triste coração
Sou vaqueiro das estradas
A tocar minha boiada
De saudade e solidão
Quando ouço o seu canto
Sinto um ribeirão de pranto
Me brotar do coração.”

" Siriema
(Mário Zan/Nhô Pai)

Oh! Siriema do Mato Grosso
Teu canto triste me faz lembrar
Daqueles tempos que eu viajava
Tenho saudade do teu cantar (2x)
Maracaju, Ponta-porã,
Quero voltar ao meu sertão
Rever os campos que eu conheci
E a siriema, eu quero ir
Oh! siriema, quando tu cantas
de Mato Grosso a saudade vem
Oh! siriema quando tu choras e vai embora
Eu chorava também
Maracaju, Ponta-porã,
Quero voltar ao meu sertão
Rever o campos que eu conheci
Oh! siriema, eu quero ir."

Canto da seriema
(José Mendes/Leonel Santos)

Seriema do Rio Grande teu cantar enduetado
Deixa roxo de saudade esse peito apaixonado
Canta, canta, seriema nas campinas verdejantes
Teu cantar me traz saudade, meu amor de bem distante!
Seriema canta,
Seriema canta, seriema canta pra alegrar meu coração
Que o peito desse gaúcho arrebenta de paixão.
Cavalgando campo a fora escutando meu cantar
Dou-lhes rédeas no meu pingo muito triste a soluçar.
Teu cantar me traz saudade de uma prenda que eu adoro
Relembrando um velho amor de tristeza quase choro!
Seriema canta,
Seriema canta, seriema canta eu quero ouvir o teu cantar -
Lamenta e a minha saudade e as mágoas que é meu penar.”


"Cantar da Siriema
(Zacarias Mourão/Nhô Victor/Nízio)

Canta, canta, siriema, teu cantar me faz chorar
Que saudade da morena que não pôde me esperar.
Recordo por "Tumurtin", "Aquidauna" e Coxí.
Eu lhe dei o meu amor, ela se esqueceu de mim.
Siriema não existe canto triste como o teu.
Minha vida ficou triste quando o meu amor morreu.”


                                                                                                  Célia Ferreira Campos

Referências bibliográficas:



Texto: Cláudia Pinheiro Camargos

Fotografias: Dizinho Iglesias e Célia Ferreira Campos (Condomínio Quintas da Lagoa, Sarzedo/MG)

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