sábado, 29 de outubro de 2011

Cigarras


Elas estão a toda, na maior algazarra. A gritaria é tanta, que muitas vezes a gente tem vontade de por um tampão nos ouvidos. O som que emitem – agudo, alto, estridente como um apito – é, na verdade, um chamado para acasalamento emitido pelos machos. Esse chamado pode chegar a 120 decibéis, densidade de som tão alta que se aproxima do limiar da dor no ouvido humano.



As cigarras têm pouco predadores (também, com essa gritaria toda, não há predador que suporte). Quando adultas são alimentos para pássaros. Porém, o som alto que emitem além de atrair uma parceira e incomodar os ouvidos humanos, repele os pássaros. Isso porque a cantoria das cigarras, também, é dolorosa aos ouvidos dos pássaros, interferindo na comunicação que as aves fazem entre si e dificultando os ataques dos pássaros ao grupo das cigarras.



Nem as próprias cigarras aguentam seu canto! Tanto os machos quanto as fêmeas possuem um tampão natural para se protegerem do som alto que emitem: um grande par de membranas que funcionam como orelhas e se dobram quando os machos emitem o som alto para não provoquem danos aos tímpanos. Espertinhas, não? Quem não tem esse tampão de ouvido natural, tem que se virar como pode.



As cigarras nascem de ovos. Surgem pequenas e sem asas e, nesse estágio, são chamadas de ninfas. Ao tocarem o chão, as ninfas enterram-se no solo e permanecem debaixo da terra por vários anos, alimentando-se, enquanto se desenvolvem, da seiva sugada de raízes de plantas. As espécies brasileiras vivem no solo durante um ou dois anos. Em países, como nos Estados Unidos, há espécies de cigarras que vivem no solo até 17 anos.



Na fase de ninfa, seus maiores predadores são besouros, tatus e formigas predadoras que vivem no solo. Por causa disso, muitas cigarras não conseguem chegar à fase adulta.



As que sobrevivem a esse período e alcançam o tamanho adulto, cavam a terra de volta para a superfície. Elas vêm à tona ao anoitecer, no final da primavera ou no início do verão. Elas sobem até algum lugar mais elevado e trocam de pele pela última vez. Esse processo de mudança do exoesqueleto nos animais que apresentam esse modo de crescimento (como as cigarras) é chamado de ecdise ou muda.




Ecdise ou Muda




Muitas pessoas ao encontrarem a casquinha da cigarra grudadas em árvores, acreditam que a coitada “explodiu” de tanto cantar. Essa história não passa de uma lenda. Do jeito que elas deixam a casca – com aquela abertura no meio – realmente, dá mesmo essa impressão. Mas essa casca, na verdade, não passa de uma velha roupagem e indica apenas que aquela cigarra passou da fase de ninfa para o estágio adulto. O nome certo dessa casca é exúvia - o exoesqueleto deixado pelos artrópodes quando realizam uma muda (ecdise).



 Ecdise ou Muda





Exúvia



Agora são cigarras adultas, com asas. Sua alimentação continua sendo a seiva das plantas, que, agora, é sugada do caule e das folhas.




Cigarra logo após deixar a exúvia.




Após endurecer a nova cutícula, a cigarra está pronta para a vida adulta!



Quando chega à vida adulta, a cigarra não tem muito tempo para aproveitar a nova fase, não! Fora do solo ela vive apenas de dois a três meses.



Texto e fotografias: Cláudia Pinheiro Camargos




Referências bibliográficas:





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